Como já comentei por aqui, essa semana, mais especificamente dia 9 de agosto, completei 30 anos e sinto informar mas não consegui completar muitos itens da lista de 30 coisas para fazer antes dos 30. Num ato de rebeldia, resolvi que iria plantar uma árvore no dia 10 de agosto, provando que sempre é tempo de fazer o que não deu tempo de fazer. Mas acabei não fazendo, porque me lembrei de que já plantei uma árvore na escola nos anos 90, o que já é o suficiente para marcar como item feito na lista.
A verdade é que, sim, eu sou uma procrastinadora, um desafio para o mundo coach, uma alma indomável que possui quatro agendas e um sistema mais ou menos caótico de desorganização. Deixar para amanhã o que você pode fazer hoje é constante na minha rotina. Mas esse não é um texto de lamentação e promessa de mudança, porque até que eu funciono muito bem com um pouquinho de caos. Eu gosto da rotina de acordar cedo, meditar, fazer yoga e exercício (que fique claro que gostar não significa sempre cumprir). Gosto de tomar um banho e um chá antes de dormir. Me esforço pra chegar no horário (em vão). Mas preciso de uma dose de desordem para a criatividade fazer sua parte. Não adianta marcar hora pra criar e, se tudo tiver sua hora, não sobra hora pra criação aparecer.
Nesse espírito zombeteiro, mas que não abandona uma agenda (ainda mais se for bonitinha), vou compartilhar minha meta de 5 coisas para fazer depois dos 30 (sabe-se lá quando):
1. Tirar a carteira de motorista (estou procrastinando essa há 12 anos).
2. Usar apenas uma agenda.
3. Seguir a rotina, mas nem tanto.
4. Parar de comer carne.
5. Fazer hoje o que é de hoje, fazer amanhã o que é de amanhã e ter a sabedoria para diferenciar os dois.
Podem me acusar de simplicidade, mas ter metas realistas era minha meta do ano passado e, apesar de procrastinadora, eu sou ótima em cumprir metas, mesmo que com um pouco de atraso.
Por fim, deixo aqui um ensinamento que me foi passado pela minha amiga Raquel Santiago: "malfeito também é feito", e nem tudo, provavelmente quase nada, a gente vai conseguir fazer com perfeição. Afinal, tem sempre que sobrar tempo pra criatividade, seja na escrita, na cozinha ou na escolha de em qual streaming vamos passar horas escolhendo o que assistir. Tempo para fazer nada ou para fazer o que você quiser: esse é o tempo mais importante, o que não pode faltar na agenda, o que a gente deve garantir antes e depois dos 30.
E assim termino essa crônica, que não sei nem se é uma crônica, fruto da ressaca de muitas comemorações (em casa) dos meus 30 anos, que está feita, mas bem longe de ser perfeita.
Ainda em tempo: sobre os 30
Meu amigo Jader me mandou um áudio (ele é fã de áudios) bem bonito, me parabenizando pelo meu aniversário e falando sobre como sentiu que estava passando de etapa ao fazer 30 anos. De um jeito bem brega e sentimental, sinto que sou bem mais jovem do que imaginava que seria aos 30 (quando a gente é adolescente tem a impressão de que vai estar muito velho e sábio ao fazer 30 anos). Tanto porque ainda tem tanto que eu quero fazer, tanto porque cada vez sinto que sei menos sobre qualquer coisa, inclusive sobre "ficar mais velha". Mas nenhuma dessas coisas de um jeito ruim, desesperado ou apressado. Pelo contrário, é mais sobre reconhecer que é impossível fazer e saber tudo, mas que, olhando para tudo que já fiz e aprendi, mesmo não sendo muito, já é muita coisa. É sobre (isso - brincadeira) ter mais calma na nossa pressa, apreciar ter muitas boas e interessantes lembranças assim como se aprecia ser cheia de boas e interessantes vontades.
Apenas aproveitando a permissão de ficar sentimental ao fazer aniversário.
Indicações da semana — semana passada eu não sinalizei que depois das crônicas viriam algumas indicações de coisas que vi, li ou assisti durante a semana (ou durante a vida) e pode ter ficado meio confuso, mas aí vai:
Alguns amigos, ao assinarem essa newsletter, me pediram indicações de outras. A minha favorita no momento é a Cartinha da Laura, que você pode assinar clicando aqui. A Laura escreve cartas para seus leitores sobre muitas coisas que passam pela cabeça dela (mas também pela nossa) de um jeito sensível e gostoso de ler.
Até o momento em que escrevi a newsletter, não tinha assistido muitas coisas essa semana: vi metade do filme do Hércules (aquele mesmo antigo da Disney), o último episódio da segunda temporada de Outer Banks (uma série de filtro amarelo com adultos muito bonitos interpretando adolescentes que saem em busca de um tesouro, como um Goonies no Ensino Médio) e o sexto episódio do reboot de Gossip Girl. Não me sinto inclinada a indicar nenhuma das atrações, afinal todo mundo já deve ter visto Hércules (pelo menos até a metade) e tanto Outer Banks quanto Gossip Girl é o tipo de série ruim que eu adoro, mas que realmente não é pra qualquer um, então fica a seu critério.
As ilustrações da Marie Cardouat (@mariecardouat no Instagram).
Ela fez as ilustrações do jogo Dixit, que atualmente é o queridinho da minha família, e as cartas do jogo me parecem uma mistura de extraordinário, estranho e bonito.
Uma das minhas favoritas:
Por fim, obrigada por todas as mensagens comentando a crônica da semana passada. Faz tudo isso ser ainda mais legal pra mim.
Revisão: Otávio Campos
Ao ler a crônica de hoje fiquei refletindo sobre como a sociedade quer que nossa vida esteja resolvida aos trinta. Eu ainda não cheguei lá, mas tenho certeza que não terei cumprido nem a metade do que havia planejado kkkkkkk.
Também fiquei pensando em quando vira a chave e a gente passa a se sentir adulto, pois como vc mesmo disse, "sinto que sou bem mais jovem do que imaginava que seria aos 30 (quando a gente é adolescente tem a impressão de que vai estar muito velho e sábio ao fazer 30 anos)". Já tenho quase 30 anos e ainda tenho medo de engravidar na adolescência kkkkkkkkkkkkkkkryng
Amei a crônica Alice. Comecei a semana já bem reflexiva :D
Eu já tenho 30 há quase 4 anos e o prazo indefinido do “depois dos 30” também me caiu muito bem. Não importa quando vamos “ticar” a meta, acredito que importe o prazer pela busca e ter sempre em mente a infinidade de possibilidades que uma vida inteira tem. Adorei a segunda edição, Lica! 💜