Observando uma prateleira aqui de casa, vi o que só olhares apaixonados podem ver: minha planta, uma Jiboia, de mãos dadas com a peça de Macramê.
Alguns podem me acusar de loucura ou delírio. Eu me defendo dizendo que sou apenas uma fã de Sandy&Junior. Acompanhei com o coração aflito a bela e terrível lenda da Lua que se apaixona pelo Mar. Dois amantes destinados a contemplação silenciosa e ao toque através da sombra, um amor que marcou minha geração sendo cantado a plenos pulmões em viagens de carro e karaokês.
Em uma perigosa onda de associações sem compromisso com a verdade, o amor da Jiboia e do Macramê surge aos meus olhos poucos dias após Sandy anunciar o fim de seu casamento e no mesmo dia em que a escuto cantar a música que embala a escrita dessa crônica: Temporal.
Talvez, alguém menos atento, durante a faxina da semana, separaria o casal, desvencilhando os galhos da Jiboia do Macramê. Não por maldade ou insensibilidade, talvez por preocupação com o crescimento da planta, mania de organização ou o prazer de brincar e trançar as cordas do Macramê. Eu não fui capaz.
Quando dei por mim, já embarcava em uma longa história, nunca antes contada, impossível de ser comprovada. Duas mudanças de casa ela atravessou, em crises de decoração, não se abalou. Sobreviveu a saídas da Jiboia para tomar sol e idas do Macramê à máquina de lavar. Aconteceu bem ali, pertinho da gente, sem fazer alarde ou contar vantagem sobre o que sente.
Sei que para os curiosos, essa não foi a melhor das histórias. Sem muitas respostas, quem dirá qualquer conclusão. Para os apaixonados, quem sabe, serviu de alguma inspiração. Para quem nada entendeu, deixo a sabedoria de quem do amor sabe mais que eu: a Jiboia e o Macramê, uma história de amor, sem início e sem fim, pode ser que um dia acabe, sobre o que a gente não pode saber, o coração é quem sabe.
Eu, nesse momento que aceitei meu lado romântico, achei essa história a coisa mais linda