Cartão fidelidade
Kris Mara Lanches, Casa de Shows Linguiça no Pão e a vontade de ter um bar para chamar de seu
Na minha adolescência, na pequena Leopoldina, desenvolvi minha primeira relação monogâmica com um bar. O Bar do Gilmar, comandado por Gilmar e sua família, ficava há poucos minutos da minha casa, com as mesas de plástico na rua e uma vista para o Feijão Cru, famoso córrego da minha cidade. A cerveja era barata e o banheiro era até apresentável. A gente aparecia por lá nas quintas, sextas, sábados e às vezes até aos domingos, se não tivesse nada melhor para fazer.
Em algum momento, em meados de 2008, resolvemos abrir a relação e um novo bar entrou em minha vida. Sua passagem foi curta, mas marcante. Seu nome era Trivial e era uma bar em uma antiga casa no centro da cidade. O banheiro feminino tinha uma banheira enorme, onde a gente se deitou muitas vezes, mas infelizmente não foram encontrados registros. A localização era estratégica, o bar perfeito para uma "concentração" antes do Encontros de Motociclistas em abril ou Exposição Agropecuária em julho, ou para tomar umas cervejinhas antes de ir para um pagode no CSLP, a Casa de Shows Linguiça no Pão, uma boate que antes era uma restaurante e funcionou por alguns anos em Leopoldina.
Quando me mudei para Juiz de Fora, novas relações foram construídas. Com o Kris Mara Lanches posso dizer que eu e meus amigos vivemos uma duradoura relação abusiva. No Turunas do Riachuelo encontrei o melhor custo benefício em um torresmo e o acolhimento que eu precisava. O Paulistano, ou bar do Bill, do ladinho da Universidade Federal de Juiz de Fora, foi palco de muitos momentos memoráveis que vivi na faculdade, como discussões acaloradas após reuniões do diretório acadêmico. O Bar do Baixinho ficava no caminho de casa e, caso eu não quisesse parar, o mais seguro era atravessar a rua, porque era grande a chance de encontrar pelo menos um conhecido oferecendo uma cervejinha. Vivemos casos breves com alguns bares, como o Bar do Juninho que abrigou o maior JLday da história. Porém, há alguns anos, um fenômeno estranho aconteceu. Um vácuo entrou em minha vida onde antes habitavam tantos bares.
Não sei o que houve. Eu poderia colocar a culpa na pandemia e no isolamento, mas não quero parecer aqueles médicos que não sabem qual diagnóstico dar para uma urticária e falam que tudo é culpa da COVID (talvez seja mesmo). Pode ser a idade, não acompanhamos mais as novidades da pequena Leopoldina ou da princesa de Minas Juiz de Fora.
Minha hipótese atual é que perdemos o referencial. Os amigos se mudaram, seja de cidade ou bairro. Não temos um ponto de encontro, um lugar comum, como era a Universidade ou a Exposição Agropecuária, para ditar os arredores de nosso novo bar. Vagamos experimentando lugares diferentes, tentando se encontrar. Esperando pelo dia em que vamos nos sentar em uma mesinha de madeira e chamar um garçom pelo nome, ele vai responder de volta fingindo simpatia mas no fundo lamentando nossa presença pensando "meus deus essa galera não vai embora nunca". E não iremos mesmo, pois será nosso novo lar.
Vamos tentar o Clube da Gota um dia desses kkkk
Não são faltas de bares etc. É que a idade vai chegando lentamente. E os compromissos tbm. É igual aquela história de amigas conversando. Uma fala encontrei um lugar que só tem garotos top, isso por volta dos 20 anos. As mesmas amigas aos 40 dizem, uma delas diz, conheci um restaurante super top. Aos 60 anos as mesmas amigas e uma delas diz, conheci um cardiologista muito, muito top. É assim...