Quando vou explicar as estações do ano para meus alunos, costumo falar sobre como faz calor por aqui na época do Natal, enquanto nos filmes americanos de Natal que a gente vê, está sempre frio e com árvores cobertas de neve. Esse ideal de Natal (como tantos outros ideais que habitam nosso imaginário completamente afetado pelo colonialismo, imperialismo e filmes demais da Disney) é, por motivos de movimento de translação e eixo de inclinação da Terra (como o sexto ano bem sabe), impossível de ser realmente reproduzido pelas nossas bandas, mas não deixa de gerar consequências. Uma delas são decorações envolvendo pinheiros, flocos e bonecos de neve, além de fantasias de Papai Noel quentes e suadas. Claro que também temos a parte adaptada da coisa, com bandejas de frutas tropicais, leitões assados e bolas com fotos de crianças penduradas na árvore de Natal (entre outras maravilhas).
Mas vocês devem estar se perguntando o porquê desse assunto agora, afinal, ainda é novembro, o mês está começando hoje, muitas águas vão rolar até 25 de dezembro. O Halloween foi ontem, Finados é amanhã, a Proclamação da República vem aí e cai numa segunda-feira! Eu mesma tenho um monte de metas que ainda pretendo cumprir antes do Natal chegar, sabe se lá como. Isso tudo é verdade e aqui vocês não encontrarão fantasia. Mas é também verdade que já se fala em Carnaval desde março, e ninguém está julgando. Conheço quem já comprou passagem pra Salvador, quem já começou a costurar as fantasias, quem está acompanhando de perto as escolhas de samba enredo das escolas de samba. Isso tudo agora, meses e mais meses antes do Carnaval de 2022 chegar como uma avalanche de oportunidades pra viver todas as loucuras acumuladas após um ano sem o feriado.
Não me levem a mal, eu não estou julgando. Os ansiosos pelo Carnaval estão no seu direito e de mim não vai faltar compreensão. Apenas os escolhi como exemplo para defender aqui meu ponto de que novembro não é cedo demais para começar a pensar em Natal. Nós, os amantes de amigo secreto e defensores das horríveis decorações verde e vermelhas, temos nosso direito de, assim como os foliões, começarmos a nos preparar para a chegada do nosso feriado favorito do ano. Afinal, temos muito o que fazer! Montar a árvore, comprar presentes, insistir para o colega contar quem ele tirou no amigo oculto, assistir Simplesmente Amor pela vigésima vez, preparar um pavê!
E feriado é assim mesmo, tem quem ame, tem quem odeie. O primeiro de abril, por exemplo, divide opiniões. Julio Cesar, meu pai, nasceu nesse dia e não poderia ter nascido em outro. Parece que o dia do nascimento moldou a personalidade dele, coisa de destino mesmo. Não que ele seja mentiroso, mas, assim como o dia em que nasceu, é uma pessoa que aprecia o humor, que gosta de pregar uma peça e tem sempre aquela piada na ponta de língua. Minha amiga Amanda Amaral também nasceu no Dia da Mentira, fato que ela odeia e escondeu de seus colegas de classe por muitos anos quando era criança e adolescente, para não ser alvo de piadas dentro da sala de aula sobre ela mesma ser uma mentira e coisas do gênero. Um feriado, duas pessoas, duas histórias. E quem somos nós pra julgar?
Sendo sincera com vocês, se eu pudesse, nas próximas 7 semanas, escrevia crônicas e mais crônicas sobre Natal! Espírito natalino, meus pratos favoritos, casos de família, ceia antes ou depois da meia-noite, como agitar um amigo secreto e os fantasmas do passado, presente e futuro! Assunto com certeza não me faltaria, além das tantas indicações temáticas que eu poderia dar a cada semana, com grandes obras natalinas para ler, assistir e escutar. Seria um prazer... Mas não farei isso, fiquem tranquilos. Sei que audiência pode não compartilhar das mesmas preferências que eu e podemos ter por aqui amantes da folia de Carnaval, dos chocolates da Páscoa ou das promessas de ano novo. Quem sabe até um fã das promoções de rodízio no Dia dos Namorados? Não importa, nesse ambiente seguro, tudo é permitido e encorajado, só não vale mesmo gostar de 7 de setembro. E se a vontade for grande, quem sabe ano que vem crio a Folhinha de Azevinho e deixo a criatividade rolar solta! Por enquanto, prometo uma razoável variação de assuntos, pelo menos até chegar dezembro.
Indicações da semana:
A playlist 100 Best Punk Covers: perfeita para ouvir em uma viagem de carro longa o suficiente para dar conta das 100 músicas sem pressa.
Esse episódio sobre Segurança Alimentar e fome do podcast Por Trás da Mídia.
Uma thread com tirinhas sobre a gatinha Meg, do Lucas Silva (@Lucasilvartes no Twitter).
Vejo vocês na próxima semana. 🙂
"Sendo sincera com vocês, se eu pudesse, nas próximas 7 semanas, escrevia crônicas e mais crônicas sobre Natal! Espírito natalino, meus pratos favoritos, casos de família, ceia antes ou depois da meia-noite, como agitar um amigo secreto e os fantasmas do passado, presente e futuro! Assunto com certeza não me faltaria, além das tantas indicações temáticas que eu poderia dar a cada semana, com grandes obras natalinas para ler, assistir e escutar. Seria um prazer... Mas não farei isso, fiquem tranquilos."
Por favor, faça isso!!!
Principalmente dos presentes do amigo secreto, deve ter muita história boa :)
Natal é uma das melhores épocas!!
Agora fiquei ansiosa pro Natal, doida pra comer seu pavê e não te contar quem tirei no amigo oculto! 🧡🧡