Viajar me faz me sentir parte de tudo. Uma pequena e não tão significativa parte da imensidão da existência, mas um pontinho vivo, real e pertencente. E fazer parte é bom. De um grupo, de uma ideia, de um verso, de uma família, de uma banda, de uma crença, do mundo.
Nos últimos 20 dias fiz parte junto com Aline, Amanda, Daniel, Guilherme e Sara. Parte da Argentina e do Chile. De Buenos Aires, de Jujuy, do Atacama e de Santiago. Parte de tantos lugares e tanta gente. Dos nossos amigos e companheiros de poucos dias de viagem: Verônica, Jader, Vitor, Felipe, Isabela, David e Pedro. Do Marcelo e sua hospitalidade. Dos amigos Juan Pablo e Loco, torcedores do River que nas horas vagas foram nossos taxistas oficiais. De todas as pessoas mais simpáticas do mundo da província de Jujuy. Do coro que cantava Muchachos na virada do ano. Do David, o melhor guia que já tivemos. Do Aurélio e suas estrelas. Do Forestal Hostel e seus drinks da madrugada com sotaque mineiro.
Ser parte é a melhor forma de ser. Não é a única, é claro. Mas se a gente está contente com quem a gente é, ser a gente junto com o outro é maravilhoso. Ser a Alice que planeja viagens, se perde no Mercado de Frutos e faz um amigo oculto em que ela tirou todo mundo. Ser o Guilherme que sempre pergunta quanto tudo custa, muda de ideia a cada media hora e tira fotos das paisagens para mostrar em sua aulas no futuro. Ser o Daniel que habla y habla, tem um nome argentino e curiosidades na ponta da língua. Ser a Sara que gosta de chegar adiantada, toma um helado por dia e que respira fundo e enfrenta a altitude. Ser a Amanda que treina piadas no espelho de manhã, tem dias góticos de Wandinha e dias animados de Andinha e compra mais cerâmicas do que pode carregar. Ser a Aline que conta seu dinheiro todas as noites para manter tudo organizado, fica de mau humor com fome e de bom humor após caminhadas exaustivas. Ser um grupo com medo do excesso de bagagem, sedento por um mergulho em águas quentes, fã de cervezas artesanales e de Leonel Messi e que está sempre a procura de um baño. Que discute sobre a hora de acordar ou ir embora, o valor da propina ou qual o melhor lugar para passar o ano novo. Um grupo que incorpora palavras em espanhol no vocabulário, aprecia uma vista colorida, fala bastante e fica cheio de melecas duras no nariz devido ao tempo seco do deserto. Um grupo que fica emocionado quando observa as estrelas e planetas no céu. Que fica assustado com os preços no Chile. Que quer viver como Pablo Neruda e Matilde (e já começa a carregar pertences com esse objetivo). Que se impressiona com a preservação da memória chilena da ditadura. Que faz top 3 de tudo. Que não converte para se divertir. Um grupo de atrasados versus ansiosos. De fãs de papas fritas (mas nem tanto). Um grupo tilelê de patricinha alternativa meio cult bacaninha que ainda está descobrindo seu estilo. De mochileiros que odeiam carregar mochilas.
Um grupo tão bom de fazer parte.
Obrigada pela companhia, eu amo vocês. 🇦🇷🤍🇨🇱
Um texto tão lindo quanto a viagem 😍
Só boas lembranças é o que se leva de um bom passeio.