Não sei vocês, mas manga ubá é minha fruta favorita. Melancias, goiabas, melões e maçãs verdes que me perdoem, já que também ocupam um grande espaço no meu coração, mas saborosa como a manguinha eu nunca vi.
Lá pelos meus 15 anos, em uma viagem de férias com a família no litoral do Espírito Santo, minha prima Marina e eu recebemos da tia Ana Paula uma missão: descer o morro da casa onde a gente estava hospedada, andar três quadras até uma vendinha e comprar manga ubá para a meninada da casa ter umas frutas para comer à tarde. Munidas do dinheiro necessário, lá fomos nós com o ânimo da juventude de férias antes da popularização da internet. Afinal, a gente realmente precisava sair nas ruas para conhecer outros adolescente, encontrar os amigos e possíveis paqueras. Compramos muitas mangas, não sei dizer quantas, mas pelo bem da história vou chutar 24. Claro que não resistimos e começamos a comer as frutas no caminho para casa. Afinal, que mal haveria em adiantar um pouco a refeição? E lá se foi uma, depois duas, e mais uma e outra também. As sacolas se esvaziando de mangas e se enchendo de cascas. O caminho de menos de 10 minutos da vendinha até a casa se transformado em meia hora. Pensando com sinceridade naquele momento, preciso confessar que lá, pela sexta manga, nós nos demos conta do que estava acontecendo, mas conscientes do estávamos fazendo, optamos por continuar. Quem pode resistir a mais uma manga ubá? Retornamos da nossa saga com 4 míseras manguinhas, logo aquelas mais feinhas, com umas partes amassadas.
Essa é apenas uma de muitas lembranças de mangas ubás devoradas pela minha vida: nas ruas de Iriri, na casa dos meus pais no calor infernal de janeiro em Leopoldina, na varanda da casa da minha sogra em Juiz de Fora.
Porém, nos últimos anos, venho vislumbrando uma crise, onde tem sido impossível encontrar exemplares de qualidade da minha querida manga ubá. Não que eu não tenha achado nenhuma que preste, mas como já ficou exemplificado, manga ubá não é fruta que se coma com moderação. Para saciar verdadeiramente minha vontade é preciso uma combinação precisa, mas que não deveria ser tão difícil de arranjar: uma bacia lotada de manga ubá, uma tarde tranquila sem compromissos a cumprir, boas companhias para brigar pelas últimas mangas e dentes afiados para descascar as benditas da única forma correta.
Não sei se é puro azar, culpa do agronegócio ou alguma mudança injusta de paladar após os 30 (é verdade que jujubas já não têm o apelo de antigamente). Sem encontrar o culpado, fica difícil saber onde procurar soluções. Como alternativa, resolvi pedir ajuda por aqui, apelar para a compaixão dos meus leitores que, quem sabe, possam ter um bom fornecedor ou mesmo um pé da mangubá em casa. Talvez encontre pelo menos alguém que compartilhe da minha dor. Ou a indicação de uma fruta nova imperdível (já tentei lichias e não consegui o efeito esperado). Desolada como estou, o que vier eu estou aceitando, mesmo que seja um mero conselho para parar de viver em um passado cheio de mangas e seguir em frente.
Aguardo notícias.
Leitores, sei que estou sumida e, sendo honesta comigo e com vocês, tenho tido vontade de escrever algumas outras coisas, algumas que já estou compartilhando com o mundo lá na Newsletter do Tá com tudo (clique aqui para se inscrever), outras que ainda não estão prontas para serem lidas.
Mas, às vezes, assim de repente, me vem uma ideia que escorre tão rápido que mal dá tempo de escrever e eu venho direto aqui pra não deixar ela entornar. Então, não vou sumir, mas sim assumir minhas faltas na tentativa de ser mais frequente. Uma vez por mês estarei aqui. Quem sabe uma vez ou outra eu apareça mais. Se for sumir de vez, prometo que aviso, não vou embora sem dar notícias. Mas espero ficar por bastante tempo, mesmo que aparecendo só um pouquinho.
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Aliceee, na sítio dos meus avós tem 3 pés de manga ubá, no entanto faz uns 3 anos que não dá mais nenhuma manga nos pés. E isso é algo que vem acontecendo em vários sítios de Piau tb.
Será que a manga ubá está em extinção ? kkkk
tb amo <3
Porém, meu falecido avô dizia: ano que não dá manga ubá é pq será um ano de pouca fartura. Acho que o que meu avô dizia nunca fez tanto sentido hehehehe