Existem dois tipos de jogadores de Termo: os que apreciam a beleza de ter apenas uma palavra por dia e conseguem entender o profundo significado da espera, da valorização e da experiência que é cumprir um desafio por etapas OU os que berram e esperneiam ávidos por mais palavras, tentando burlar as regras e conseguir acesso a alguma cópia barata que permita saciar sua terrível ansiedade e fome por entretenimento.
Me encaixo no primeiro grupo, mas quem sou para julgar o segundo? Já fiz loucuras para ganhar dinheiro e sucesso no The Sims (na verdade só usei o klapaucius e acelerei o tempo). O importante é que o joguinho Termo é a onda do momento, a obsessão do Twitter, o elo que unirá todos nós.
Para quem não sabe, tudo começou com o jogo de palavras Wordle, criado por um americano chamado Josh Wardle, mas que logo ganhou versões em diversas línguas. No jogo, todo dia tem uma palavra nova que você precisa adivinhar, sendo que a cada tentativa você recebe dicas dizendo se as letras da palavra que você chutou estão certas ou não. Não entendeu nada? Clique aqui e jogue, vai ser mais fácil.
Eu confesso que estou obcecada. Passo 80% do meu tempo falando sobre Termo e nos outros 20% fico torcendo para alguém falar sobre o jogo para eu falar um pouco mais.
Comecei jogando em português, no dia seguinte já estava entrando na versão em inglês e espanhol. Cinco dias depois, resolvi me arriscar no francês e italiano. Cheguei a pesquisar a versão alemã, mas sem resultados. Antes que vocês pensem “Nossa, ela fala várias línguas”, já aviso que fluência não é necessária, é possível acertar apenas com um pouco de lógica. Para vocês terem uma ideia do meu nível de francês, as palavras que costumo chutar são: Paris, petit, merci e vents. Essa última eu nem sei o que significa, mas foi a palavra da vez em um dos dias e eu gravei para utilizar posteriormente, já que possui letras que aparentemente aparecem com frequência na língua francesa (Termo também é conhecimento).
Imagino que o leitor deve estar se perguntando: “Meu deus, por que ela está escrevendo uma crônica inteira sobre um joguinho de palavras?”. Eu sinceramente não sei, só deixei a caneta escorregar no ritmo dos pensamentos. Ou talvez os dedos do teclado seguirem a batida do meu cérebro. Melhor ainda: as palavras fluírem como se tivessem vontade própria. Ou qualquer outro clichê adequado para quando você começa a escrever sobre um assunto que parece super interessante para você, mas talvez não seja para todo mundo.
Um joguinho de lógica com palavras que se encaixa perfeitamente na minha rotina é meu tipo de entretenimento. Talvez não seja o de vocês. Provavelmente deve ser o tipo de alguns, outros não. O fato é que estamos todos à procura do nosso próprio Termo. Aquele passatempo viciante que tem aura de inteligência o suficiente para não te deixar culpado caso você gaste tempo demais jogando. Ainda com o bônus de que viralizou o suficiente para servir de assunto em momentos constrangedores ou ser uma boa desculpa para falar com uma paquera (“A palavra tava difícil hoje, né?”).
Não sei até quando essa mania vai durar, mas, enquanto o Termo estiver por aí, estarei ao seu lado, divulgando para os amigos e leitores, gastando de 30 a 60 minutos do meu dia tentando adivinhar palavras em várias línguas e compartilhando cada acerto no Twitter como se alguém se importasse. Sem acelerar o tempo, sem usar klapaucius, sem colar do dicionário! Com honestidade e uma quantidade média de paciência, dia após dia, descobrindo um novo termo.
O que eu indico essa semana (além do Termo):
Esse texto da Gabi Dourado sobre sobrenomes e várias coisas que poderiam ter sido.
As ilustrações da Bárbara Quintino.
Se gostou dessa crônica, leia mais aqui:
30 coisas para fazer antes dos 30
Revisão: Otávio Campos
eu amei sua cronica e também sou do primeiro grupo. embora jogue em todos os idiomas que arranho e no letteco, também em pt, pra passar o tempo.